Santificação Indissolúvel

O casamento é sem dúvida uma bênção de Deus. Digno de honra entre todos seja o matrimônio, como diz a Bíblia (Hebreus 13:4). Lembro-me que quando era pequeno eu imaginava que nunca deixaria o lar dos meus pais, até que chegou a hora de cumprir o trecho do primeiro livro bíblico : “Portanto deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e unir-se-á à sua mulher, e serão uma só carne.” (Gênesis 2:24). O mistério de como no casamento o homem e a mulher se tornam uma só carne é impressionante. Quando casados somos afetados em todos os sentidos pelo que ocorre com a outra pessoa. Sentimos e reagimos ao que ocorre com o cônjuge como se tivesse acontecido diretamente conosco. Jesús Adrian Romero, em um dos seus DVD’s, comenta sobre isto ao relatar que sua esposa conta por engano algumas histórias dele como sendo dela e sobre como ele também faz o mesmo.

Permita-me compartilhar algo tão impressionante quanto esse mistério é para mim: a Bíblia diz que antes de sermos cônjuges, somos irmãos. Quando cuidamos um do outro baseados numa relação eterna, imitamos ao Pai (Efésios 5:1). Vale lembrar que o relacionamento conjugal é importante, mas também é temporário. Ele não deve ser nossa única base, caso contrário correremos o risco de não obter tudo o que Deus quer nos dar com esta união. É claro que o casamento produz um relacionamento diferente se comparado ao relacionamento entre irmãos solteiros. Mas creio que a intimidade dessa relação deveria ser mais um motivo para nos tornar mais verdadeiros, sinceros e prontos ao sacrifício por amor ao próximo a que todos nós somos chamados. Tratando-se de irmãos casados sempre devemos lembrar: seu cônjuge é, antes de tudo, seu irmão! Um irmão que pode falhar e precisa de ajuda e misericórdia, mas também de confronto e correção seguindo a verdade em amor. Somos todos chamados a viver esse amor com profundidade.



Muito sofrimento tem ocorrido em alguns casamentos porque os irmãos estão prontos a discutir o cumprimento do papel alheio de forma religiosa e legalista. Maridos dispostos a exercer sua autoridade e mulheres dispostas a auxiliar. Mas exercer autoridade ou auxiliar no que? Creio que  a história de Ananias e Safira pode nos servir para extrair alguns pontos úteis para responder  essas perguntas.

Ananias e Safira entraram, como casal, em acordo numa mentira que lhes custou à própria vida. Se Safira amasse Ananias como irmão provavelmente colheria, ao menos para si, um resultado diferente. Ananias e Safira cumpriram cabalmente a expressão “uma dupla unida em torno de um interesse comum”, muito praticada no meio secular e na igreja. No casamento o casal deve se santificar mutuamente e usar todas oportunidades que têm de se parecer com Cristo através dos desafios. A Palavra de Deus é que nos santifica e a Palavra deve reinar no casamento inteiramente. Não apenas em alguns mandamentos específicos.  Se não entendemos esse nível de obediência ficaremos sujeitos a um equívoco comum:  obediência parcial. Na crise, ela não o ajuda de forma plena porque escolhe praticar a submissão e ficar calada (na verdade, muitas vezes indiferente) e ele não se sacrifica porque acredita que seu dever começa no cumprimento dos deveres dela.

Se ambos se tratassem baseados na eternidade, cumpririam seus papéis terrenos como irmãos muito bem casados. Homem e mulher são herdeiros da mesma graça de vida no casamento (1 Pedro 3:7) ambos responsáveis pela vida de cada um, seja na entrega sacrificial dele a Deus por ela (Efésios 5:25) ou na sujeição dela como fazendo a Deus (Efésios 5:22). Quando a Bíblia diz que o que Deus juntou não o separe o homem penso que a união física é apenas parte do processo para um casamento indissolúvel. Matrimônio indissolúvel é aquele formado por dois discípulos verdadeiros onde a Palavra de Deus está sempre reinando em qualquer um dos lados.

Pessoas que buscam a felicidade no casamento usarão a Bíblia apenas de forma conveniente (quando usarem) mas quem busca esta felicidade ao obedecer a Jesus  recebe dele o mandamento de amar o próximo como a si mesmo. Afinal de contas, se há compromisso com Jesus os dois lados tem um só propósito: Santificação.

Fonte: Conexão Eclesia
Autor: Vanderlei Santos