Beleza Imperecível

Os incrédulos são ignorantes em pensamento e comportamento, e tendem a aplicar os princípios e prioridades correspondentes quando diz respeito à escolha do cônjuge. Mas o fato que os cristãos não são animais selvagens demanda que eles procurem padrões mais altos para direção na área de noivado e casamento.

Há um episódio no Alice in Wonderland [Alice no País das Maravilhas], onde nossa protagonista pede direções ao Gato de Cheshire:

“Gatinho de Cheshire... O senhor poderia me dizer, por favor, qual o caminho que devo tomar para sair daqui?”

“Isso depende muito de para onde você quer ir”, respondeu o Gato. “Não me importo muito para onde...”, retrucou Alice.

“Então não importa o caminho que você escolha”, disse o Gato. “... contanto que dê em algum lugar”, Alice completou.

“Oh, você pode ter certeza que vai chegar”, disse o Gato, “se você caminhar bastante.” [1]

Se um homem não tem nenhuma idéia do que ele está ou deveria estar procurando numa companheira, então parece que importa pouco qual direção toma em termos do processo de seleção, e não é importante com o que ele termina. Ao cristão, por outro lado, é dada uma direção autoritativa, provendo-lhe o conceito do tipo de família que deve estar buscando estabelecer. Uma vez que existe um telos, ou propósito, os elementos individuais se tornam focados e direcionados corretamente. No que se segue, pretendo delinear várias características de uma esposa bíblica. A maioria das exigências é comum a todos os cristãos - assim como nenhum crente deveria ser um mentiroso, uma esposa desonesta não e uma boa candidata ao casamento. Estamos interessados nas características especialmente importantes e relevantes que um homem deve procurar. Embora a informação que será fornecida aqui beneficiará mulheres casadas ou não, bem como homens casados, estou escrevendo primariamente com homens não casados em mente, que estão buscando direções nessa área.

Como mencionado, o telos dado por Deus para o casamento governa o critério pelo qual uma mulher é considerada apropriada para ser a esposa de um cristão. Sem entrar em detalhes, irei listar aqui somente vários exemplos que indicam o propósito de Deus para a união de um homem e uma mulher. Gênesis 2:18 indica que a esposa deve ser uma “auxiliadora idônea” (RA) para o homem. Apenas isso já tem tremendas implicações para o tipo de mulher com a qual alguém pode ou não se casar. Certamente, todas as feministas estão excluídas; o mesmo é verdade com toda mulher cujas ambições pessoais - seja de natureza social, financeira ou vocacional - ameaçarão a agenda que o marido determinou para a família.

Outro propósito revelado para um casamento digno da aprovação divina é que Deus está “buscando uma semente de piedosos” (Malaquias 2:15, RC). Um homem, ao considerar uma mulher para o casamento, deve estar confiante que ela será uma contribuição positiva para tal programa. É com este tipo de preceitos bíblicos em mente, embora o exposto acima não esgote os mesmos, que apresento o princípio geral que uma esposa bíblica deveria ser reverente, obediente e competente; essas palavras são intercambiáveis com espiritual, submissa e capaz no presente estudo. Consideraremos agora o significado e implicação de cada uma delas. A palavra reverente pode parecer muito ampla se usada de forma livre, mas aqui tenho um significado definido em mente. Primeiro, a palavra deve indicar uma espiritualidade legítima, pela qual queremos dizer que a mulher em questão deve ser uma cristã. Isso em si mesmo cria grande dificuldade, visto que a maioria das pessoas nas igrejas de hoje não são cristãos genuínos, e mesmo aqueles que são verdadeiramente regenerados podem estar num nível tão baixo de santificação que a vida espiritual neles é dificilmente detectável.

Pode parecer que essa é minha resposta sugerida para tudo, mas isso serve apenas para ilustrar a consistência da teologia bíblica, que o primeiro passo para aprender como encontrar um companheiro é estudar teologia. Se um homem não pode fazer distinções básicas entre profissões de fé falsas e verdadeiras, ele não pode nem mesmo começar a escolher uma mulher para ser sua esposa. Nesse ponto, se podemos ser tão ousados, assumimos que o próprio homem é um cristão verdadeiro. 2 Coríntios 6:14-15 aplica-se a várias situações, incluindo o casamento: “Não se ponham em jugo desigual com descrentes. Pois o que têm em comum a justiça e a maldade? Ou que comunhão pode ter a luz com as trevas? Que harmonia entre Cristo e Belial? Que há de comum entre o crente e o descrente?”. O cristão e o não-cristão submetem-se a duas autoridades supremas que são antitéticas, e na extensão em que vivem consistentemente com suas cosmovisões opostas, os conflitos surgirão no relacionamento.

Mas se tanto o homem como a mulher tem a revelação verbal de Deus, a Escritura, como seu primeiro e último princípio de raciocínio e conduta, então qualquer disputa é resolvida através de um apelo ao mesmo. Embora, como indicaremos abaixo, as decisões finais no lar estejam no poder do marido, ele não é o Deus da esposa, visto que ambos olham para uma terceira e suprema autoridade, que é a palavra de Deus. Essa mesma autoridade tem imposto uma estrutura de autoridade sobre a família, com o marido como o cabeça; mas ele governa o lar através de preceitos divinos, e não seus pensamentos e preferências independentes. Dessa forma, os conflitos são também resolvíveis, e resolvíveis de uma forma que é objetivamente correta; os desacordos são, em última análise, não centrais, mas periféricos. Isso não é assim se um é crente e o outro não. Não há nenhuma área cinza entre ser um cristão e um não-cristão - ou uma pessoa tem fé na mensagem do evangelho, ou não tem. Tiago escreve: “Adúlteros, vocês não sabem que a amizade com o mundo é inimizade com Deus? Quem quer ser amigo do mundo faz-se inimigo de Deus” (Tiago 4:4). Essas são palavras fortes - ou você é um amigo de Deus, ou é o seu inimigo. Não há terreno neutro. Se você alega não ter nenhuma opinião, você ainda é seu inimigo. Jesus adverte: “Aquele que não está comigo, está contra mim; e aquele que comigo não ajunta, espalha” (Mateus 12:30).

Todo aquele que não obedece a Cristo, o desafia; todo aquele que não o ama, o odeia. Duas pessoas que discordam sobre tal nível fundamental unirem-se na mais sagrada de todas as relações entre dois mortais é um desastre. Estatísticas relevantes, tais como taxas de divórcio, deveriam ser bem conhecidas pelo leitor, de forma que não preciso fornecer evidência sobre esse ponto. Contudo, estatísticos e pesquisadores, que não tem nenhum interesse em teologia cristã, parecem ter mostrado que a taxa de divórcio entre os cristãos evangélicos é quase a mesma daquela entre os não-cristãos, ou até maior.

Isso apenas reforça minha ênfase anterior que devemos aprender a distinguir entre profissões de fé falsas e verdadeiras. Mesmo sem uma análise cuidadosa desses exemplos, podemos assumir que a maioria deles eram de fato apenas cristãos nominais - isto é, não-cristãos que se consideram crentes genuínos. A razão pela qual podemos dizer isso é que a Bíblia ordena a reconciliação e não o divórcio entre os crentes, e somente permite a última opção no caso de adultério. Ou, pode ser que haja uma alta taxa de adultério entre os cristãos professos, em cujo caso nosso ponto é uma vez mais demonstrado, ou seja, que a maioria deles não são cristãos verdadeiros de forma alguma.

Visto que não estamos interessados em estatísticas neste ponto, não consideraremos outras possibilidades aqui, tais como os casos onde alguém se torna um cristão após o casamento, e o incrédulo recusa permanecer no relacionamento. Em todo caso, tais exemplos não podem explicar a alta taxa de divórcio entre os cristãos professos, mas os números fazem sentido quando percebemos que a maioria deles nunca foi regenerado por Deus. Por outro lado, obediência e aplicação consistente dos preceitos bíblicos por parte do marido e da esposa garantem a permanência da união sagrada; o fracasso acontece somente quando há quebra dos preceitos bíblicos.

Assim, uma candidata ao casamento deve ser uma cristã verdadeira. Ignorar esse ensino bíblico é arriscar sofrer uma vida inteira de desgosto e frustração, mas o desejo de obedecer aos mandamentos de Deus deveria ser suficiente em si mesmo para nos impedir de cometer tal erro. Podemos fazer agora uma observação adicional sobre o significado de ser reverente, que é na realidade somente uma extensão do que já foi dito.

Romanos 8:7 declara: “A mentalidade da carne é inimiga de Deus porque não se submete à Lei de Deus, nem pode fazê-lo”. Assim como uma mentalidade da carne não pode se submeter aos preceitos de Deus, uma mentalidade tornada espiritual por meio da regeneração e que cresce em maturidade na santificação pode e de fato obedece às leis de Deus. Como o versículo 5 explica: “Quem vive segundo a carne tem a mente voltada para o que a carne deseja; mas quem vive de acordo com o Espírito, tem a mente voltada para o que o Espírito deseja”.

Uma pessoa “espiritual” não é alguém preocupada com misticismo e conhecimento esotérico, mas alguém cuja mente está “voltada para o que o Espírito deseja” como nos revelado na Escritura. Portanto, quando dizemos que uma mulher deve ser espiritual, estamos dizendo que ela deve ser uma boa cristã, ou alguém cujos pensamentos e ações estão em conformidade com a Bíblia.

Quando falando às mulheres com respeito ao casamento, Paulo escreve: “A mulher está ligada a seu marido enquanto ele viver. Mas, se o seu marido morrer, ela estará livre para se casar com quem quiser, contanto que ele pertença ao Senhor” (1 Coríntios 7:39). Tecnicamente, os preceitos de Deus não impedem alguém de casar com quem quer que deseje, contanto que a outra pessoa seja um cristão. Contudo, dado esse decreto bíblico, na prática parece necessário excluir cristãos decaídos, visto que enquanto a pessoa permanecer em tal estado, ninguém pode estar certo de que ela é uma crente genuína.

Certamente, se o indivíduo em questão retorna ao Senhor, e mostra sinais verdadeiros de fé e arrependimento, então ela se torna uma candidata legítima para um casamento cristão. Esse é o porquê eu digo que um cristão pode casar somente com outro bom cristão - para evitar que alguém encontre uma escusa para se casar com cristãos nominais que não são crentes de forma alguma. É importante não ir além
dos preceitos bíblicos ao definir uma candidata legítima ao casamento, enquanto sendo cuidadoso para obter certeza que seu pleno significado está aplicado.

Se ser espiritual significa submeter-se aos preceitos de Deus, então nossa segunda característica de obediência parece estar inclusa nessa exigência ampla, e de fato está. Uma pessoa espiritual é também obediente às autoridades legítimas. Mas aqui estou levantando esse ponto particularmente com respeito à relação da mulher com seu marido.

Após a queda do homem, como registrado em Gênesis 3, Deus diz para a mulher: “Multiplicarei grandemente o seu sofrimento na gravidez; com sofrimento você dará à luz filhos. Seu desejo será para o seu marido, e ele a dominará” (v. 16). Um comum, todavia improvável, entendimento do versículo toma-o como dizendo que a mulher experimentaria grande desejo por seu marido sexualmente falando, ou pelo menos de sua companhia, o que parece não ter nenhuma relação com a última cláusula da sentença. Refletindo essa visão, a Living Bible diz: “Você terá desejo pelas afeições do seu marido, e ele será o seu senhor”.

Outra interpretação desse versículo equivale à seguinte tradução: “Seu desejo será dominar o seu marido, mas ele a dominará”. Julgando a partir de uma expressão similar em Gênesis 4:7, essa é uma opção melhor. Matthew Poole desenvolve o pensamento e escreve:


… teus desejos serão referidos ou submetidos à vontade e prazer do teu marido para concedê-los ou negá-los, como ele achar certo... E esse castigo foi... muito doloroso para ela, pois as afeições das mulheres costumam ser veementes, e é irritante para elas tê-las restringidas ou negadas. Visto que, por falta do governo e conduta do teu marido, foste seduzida pela serpente, e abusou do poder que lhe dei junto ao teu marido para arrastá-lo ao pecado, tu serás agora humilhada a um grau menor, pois ele te dominará; não com aquela mão doce e gentil que usou anteriormente, como um guia e conselheiro somente, mas com uma mão superior e dura, como um senhor e governador, a quem dou agora maior poder e autoridade sobre ti do que tinha antes, (que por teu orgulho e corrupção será mais difícil para ti, do que seu reinado anterior) e que usurpará um poder mais do que lhe dei, e, por minha permissão, para teu castigo, te dominará muitas vezes com rigor, tirania, e crueldade, de forma que gemerás, mas não serás capaz de se livrar dele”. [2]

Há aqueles que afirmam que antes da Queda, homem e mulher tinham igual autoridade no relacionalmento matrimonial, e somente após a mulher ter pecado é que o homem passou a dominá-la como um castigo para ela. Os comentários acima de Poole, embora corretos de uma maneira geral, podem ser entendidos incorretamente como apoiando tal posição, visto que ele não afirma a autoridade distinta que o
homem tinha sobre a mulher mesmo antes da Queda, embora forneça um fraco reconhecimento disso.

Poole admite que o homem dominava a família antes da Queda, mas, todavia, com uma “mão doce e gentil”. E agora, Deus lhe deu “maior poder e autoridade… do que tinha antes”, implicando que ele tinha poder sobre a mulher desde o começo. Contudo, é duvidoso que Adão foi “um guia e conselheiro somente” para a mulher. A evidência bíblica indica que ele era muito mais.

Alguns alegam que a subordinação da mulher é somente um resultado do pecado, e que deve ser inteiramente negada após a morte e ressurreição de Cristo. Mas se é assim, doença e morte também se originaram por causa do pecado, e pela mesma lógica deveria estar agora completamente ausentes da experiência humana, pelo menos para os cristãos. O ponto é que mesmo que fosse verdade que Deus sujeitou a mulher ao homem puramente devido ao pecado, não se segue necessariamente, a menos que a Bíblia indique tal coisa, que a estrutura de autoridade no lar foi abolida.

Em todo caso, Paulo ensina que a autoridade do marido sobre sua esposa não é somente um resultado do pecado, mas é uma ordenança da criação. Isto é, pela natureza e ordem da criação do homem e da mulher, o marido tem autoridade sobre a esposa: “Pois o homem não se originou da mulher, mas a mulher do homem; além disso, o homem não foi criado por causa da mulher, mas a mulher por causa do homem” (1 Coríntios 11:8-9); “A mulher deve aprender em silêncio, com toda a sujeição. Não permito que a mulher ensine, nem que tenha autoridade sobre o homem. Esteja, porém, em silêncio. Porque primeiro foi formado Adão, e depois Eva” (1 Timóteo 2:11-13). Qualquer ordenança de Deus instituída devido à própria natureza da criação ainda está em efeito, enquanto permanecermos como seres humanos.

Há aqueles que entendem Gênesis 3:16 como uma declaração preditiva que o relacionamento matrimonial daquele momento em diante seria um no qual o homem e a mulher buscam a posição de domínio; isto é, controlar de maneira pecaminosa. Essa interpretação pressupõe que nem o marido nem a esposa deveriam dominar, mas considerando outras passagens sobre estrutura familiar tanto no Antigo como no Novo Testamento, não podemos aceitar essa pressuposição ou sua interpretação resultante desse versículo. Alguém pode dizer que, embora o versículo não negue o direito do marido de governar o lar, ele é preditivo do uso tirânico da autoridade; isto é, enquanto a mulher busca domínio, o homem abusa do seu lugar no lar. Não estou convencido por essa interpretação; embora alguns homens indubitavelmente abusem da sua autoridade, o texto em questão não declara ou implica isso.

Sendo cuidadoso para não dar uma generalização simplista dele, pelo menos um aspecto importante do movimento feminista, e da teologia feminista também, é alterar a estrutura estabelecida do relacionamento matrimonial. Mas em nome da igualdade, os esforços dessas almas ímpias frequentemente resultam na erosão da unidade mais básica da sociedade, a família. Desde o princípio, Deus designou que o homem seria o cabeça do lar, mas o pecado gerou na mulher um desejo de usurpar a autoridade do marido, de se libertar do seu governo, e assim desafiar a estrutura familiar imposta pelo próprio Deus. Mas a alegria e esperança dos homens e das mulheres residem em conhecer e obedecer aos mandamentos bíblicos, e não em lutar contra eles.

A liderança do homem na família tem sido um assunto controverso, tanto dentro como fora dos círculos teológicos. Como veremos brevemente, a razão para tal debate acalorado não é porque a Escritura não seja clara sobre o assunto, mas devido ao clima ideológico dos nossos dias, a tendência pecaminosa dos seres humanos (nesse caso, as mulheres) odiarem a autoridade legítima, e as ocorrências atuais de abuso de autoridade por parte de maridos. Mas nenhuma dessas razões neutraliza os preceitos divinos de Deus.

A autoridade dada ao marido pode ser abusada; contudo, a palavra de Deus governa o poder do marido no lar; e fornece direções quanto a como ele deve tratar sua esposa: “Maridos, ame cada um a sua mulher, assim como Cristo amou a igreja e entregou-se por ela” (Efésios 5:25). E uma porção relacionada da minha Teologia Sistemática declara: “Não subestimem o que Deus está demandando dos homens aqui – eles devem amar suas esposas da mesma forma que Cristo ama sua igreja, que é caracterizado por amor sacrificial em seu favor. Paulo está ordenando que os homens amem suas esposas o suficiente para morrer por elas. Na medida em que alguém não possua tal amor por sua esposa, ele está sendo inferior a um homem na acepção bíblica. Pessoalmente, minha estima de um homem nunca será maior que seu amor por Deus, pela Bíblia e por sua esposa”.[3]

Ao insistir na submissão da esposa, não queremos de forma alguma excluir o marido de suas próprias faltas. Embora possamos prontamente reconhecer a responsabilidade do marido, e as ocorrências reais de abuso, a obrigação da esposa de se submeter à autoridade ordenada por Deus permanece imutável. O maior motivo para a negação da estrutura bíblica de autoridade para a família é o pecado, a tendência agora inerente das mulheres desafiarem até mesmo a autoridade legítima. Ao invés de sobrepujar os preceitos divinos, isso simplesmente prova o decreto de Deus como verdadeiro: “Seu desejo será para o seu marido, e ele a dominará”. Esse é um desejo, diz Keil & Delitzsch, “que beira a doença” . [4]

Agora examinaremos várias passagens bíblicas sobre o assunto. A primeira é 1 Pedro 3:1-6, que diz: “Do mesmo modo, mulheres, sujeite-se cada uma a seu marido, a fim de que, se ele não obedece à palavra, seja ganho sem palavras, pelo procedimento de sua mulher, observando a conduta honesta e respeitosa de vocês. A beleza de vocês não deve estar nos enfeites exteriores, como cabelos trançados e jóias de ouro ou roupas finas. Ao contrário, esteja no ser interior, que não perece, beleza demonstrada num espírito dócil e tranqüilo, o que é de grande valor para Deus. Pois era assim que também costumavam adornar-se as santas mulheres do passado, que colocavam sua esperança em Deus. Elas se sujeitavam cada uma a seu marido, como Sara, que obedecia a Abraão e o chamava senhor. Dela vocês serão filhas, se praticarem o bem e não derem lugar ao medo”.

Primeiro, a passagem mostra que as esposas devem não somente se sujeitar aos maridos cristãos, mas serem submissas mesmo quando os homens são incrédulos. Certamente, em outro lugar descobrirmos que uma mulher cristã pode se casar somente com outro cristão (1 Coríntios 7:39). E, assim, Pedro aqui se dirige à mulheres que se tornaram cristãs após se casarem com um incrédulo.

A parte concernente à submissão entra na discussão quando o apóstolo diz que os homens podem ser “ganhos sem palavras”. Contudo, isso não significa que uma pessoa pode trazer outra à fé em Cristo sem comunicar verbalmente a mensagem do evangelho. É popular assumir hoje em dia que “a ação fala mais alto que as palavras”, mas isso é contrário à posição bíblica.

Note que esses maridos, a quem Pedro exorta as esposas a se submeterem, são ditos já ter rejeitado o evangelho comunicado verbalmente, quer por suas esposas ou por alguém outro. Assim, o conteúdo intelectual da fé cristã já tinha sido transmitido a esses homens, embora recusassem lhe dar assentimento. Pedro, então, está dizendo às esposas que Deus pode, todavia, usar subsequentemente a “pureza e reverência” delas como o meio pelo qual impressionar e converter seus maridos, de forma que possam dar assentimento ao que já ouviram. Assim, a passagem pressupõe a pregação do evangelho.

Pedro continua para observar que uma vida caracterizada por submissão, pureza e reverência é o que torna uma mulher verdadeiramente bela. Contra os padrões do mundo, o Cristianismo enfatiza a beleza interior, de forma que o verdadeiro valor da mulher não está limitado nem é definido por sua aparência. Por outro lado, mesmo aquelas cujas características externas impressionam a maioria dos homens, podem, todavia, ser grotescas e ímpias por dentro. Mas visto que o poder da transformação interna é somente disponível através do evangelho, segue-se que nenhuma mulher não-regenerada é verdadeiramente bela.

Mesmo a mulher com a melhor aparência possui somente uma beleza que é superficial e passageira, enquanto a “beleza que não perece” pertence a alguém com um “espírito dócil e tranqüilo”. Esse é verdadeiramente um traço raro em nossos dias. Como Provérbios 21:9,19 diz: “Melhor é viver num canto sob o telhado do que repartir a casa com uma mulher briguenta...Melhor é viver no deserto do que com uma mulher briguenta e amargurada”. Com respeito a Dalila, está registrado em Juízes 16 que: “Importunando-o o tempo todo, ela o cansava [a Sansão] dia após dia, ficando ele a ponto de morrer” (v. 16). Em outro lugar, a Bíblia diz: “A esposa briguenta é como o gotejar constante num dia chuvoso; detê-la é como deter o vento, como apanhar óleo com a mão” (Provérbios 27:15-16; também 19:13). Pingo… Pingo… Pingo!

Um “espírito dócil e tranqüilo” não somente impedirá o marido de pular da janela, mas Pedro diz que ele é também “de grande valor aos olhos de Deus” (1 Pedro 3:4, NIV). O que parecer se uma Vênus aos olhos do homem é mais frequentemente uma Medusa aos olhos de Deus. Parte da santificação envolve aprender como ver as pessoas e coisas como Deus as vê: “Ai dos que chamam ao mal bem e ao bem, mal, que fazem das trevas luz e da luz, trevas, do amargo, doce e do doce, amargo!” (Isaías 5:20).

Enquanto a beleza natural pode perecer, a beleza interior, possível somente ao cristão, pode se desenvolver e crescer por toda a vida, e persistir mesmo após a morte. Paulo diz: “Por isso não desanimamos. Embora exteriormente estejamos a desgastar-nos, interiormente estamos sendo renovados dia após dia” (2 Coríntios 4:16). Uma mulher que não possui uma beleza interior não terá nada no final. Da mesma forma, uma pessoa que não pode ver nada além de desenvolver sua saúde física e aparência carece de sabedoria: “O exercício físico é de pouco proveito; a piedade, porém, para tudo é proveitosa, porque tem promessa da vida presente e da futura” (1 Timóteo 4:8).

Parenteticamente, contrário a alguns, afirmo que embora a beleza física seja relativamente sem importância, e não possua nenhum valor espiritual, ela é, todavia, uma benção de Deus. Por exemplo, lemos que quando a riqueza de Jó foi lhe restaurada, Deus também lhe deu filhas que são descritas como fisicamente atrativas: “O Senhor abençoou o final da vida de Jó mais do que o início. Ele teve catorze mil ovelhas, seis mil camelos, mil juntas de boi e mil jumentos. Também teve ainda sete filhos e três filhas. À primeira filha deu o nome de Jemima, à segunda o de Quézia e à terceira o de Quéren-Hapuque. Em parte alguma daquela terra havia mulheres tão bonitas como as filhas de Jó, e seu pai lhes deu herança junto com os seus irmãos” (Jó 42:12-15).

Pedro continua: “Pois era assim que também costumavam adornar-se as santas mulheres do passado, que colocavam sua esperança em Deus. Elas se sujeitavam cada uma a seu marido, como Sara, que obedecia a Abraão e o chamava senhor. Dela vocês serão filhas, se praticarem o bem e não derem lugar ao medo” (1 Pedro 3:5-6). Como elas se tornaram belas? “Elas se sujeitavam cada uma a seu marido”. Embora Sara fosse “uma mulher muito bonita” (Gênesis 12:14) em termos de aparência, Pedro cita-a como um exemplo de prioridade em alcançar a beleza interior através da submissão.
Ser fisicamente atrativa não é suficiente - Sara tornou-se bela porque ela “obedecia a Abraão e o chamava senhor”.

Assim como os cristãos se tornam filhos de Abraão através da fé em Cristo (Gálatas 3:7), as mulheres devem seguir Sara em sua obediência. Pedro não ignora a existência de maridos abusivos, mas diz: “Dela vocês serão filhas, se praticarem o bem e não derem lugar ao medo” (v. 6). O comportamento ímpio dos maridos não escusa as esposas de seguirem os preceitos de Deus. A instrução bíblica é “praticar o bem e não dar lugar ao medo” no contexto de ser submissa ao marido, de forma que “se ele não obedece à palavra, seja ganho sem palavras, pelo procedimento de sua
mulher, observando a conduta honesta e respeitosa de vocês” (v. 1-2).

Procedendo para a próxima passagem, lemos em Efésios 5: “Mulheres, sujeite-se cada uma a seu marido, como ao Senhor, pois o marido é o cabeça da mulher, como também Cristo é o cabeça da igreja, que é o seu corpo, do qual ele é o Salvador. Assim como a igreja está sujeita a Cristo, também as mulheres estejam em tudo sujeitas a seus maridos.... Portanto, cada um de vocês também ame a sua mulher como a si mesmo, e a mulher trate o marido com todo o respeito” (Efésios 5:22-24,33).

A passagem completa do versículo 22 ao 33 contém rico conteúdo e demanda exegese sofisticada para expô-la completamente, mas para o nosso propósito restrito nesse ponto, tal coisa não é necessária. A porção citada é totalmente auto-explicativa, não obstante as muitas tentativas por parte de comentaristas para subverter o claro significado dessa passagem. Observe como um desses eruditos tenta escapar da força das palavras de Paulo:

Submeter-se significa abrir mão dos seus próprios direitos. Se a relação exigir, como nas forças armadas, o termo pode conotar obediência, mas esse significado não é requerido aqui. De fato, a palavra ‘obedecer’ não aparece na Escritura com respeito às esposas, embora apareça com respeito aos filhos (6:1) e escravos (6:5) .[5]

Embora submissão seja aqui definida como “abrir mão dos seus próprios direitos”, uma noção mais popular do termo, quando contrastada com “obediência”, tem submissão como se referindo a humildade e respeito nas atitudes da esposa, e não uma conformidade no comportamento aos desejos do marido. Portanto, sob essa última definição, é concebível que uma esposa possa desobedecer ao marido em cada aspecto, enquanto sendo plenamente submissa a ele, simplesmente por possuir uma atitude respeitosa para com ele. Ambas as explicações são problemáticas ao considerar o contexto da passagem e a existência de outros versículos bíblicos que as contradizem.

Mas antes de tentarmos uma refutação, examinemos mais um argumento contra a obrigação da esposa de obedecer, que subsequentemente será um tiro que sairá pela culatra. Pode ser argumentado que, visto que o versículo 21 - que diz, “Sujeitem-se uns aos outros, por temor a Cristo” - define o contexto da passagem com um que ensina a submissão mútua, o versículo 22 não pode estar dizendo às esposas obedecer aos seus maridos, assim como a submissão mútua entre os cristãos não implica em obediência mútua.

Contudo, essa linha de raciocínio perde o ponto da passagem. Mesmo se permitirmos que o entendimento do versículo 21 defina o contexto para 5:22-6:9, o conteúdo da passagem deixa claro que a submissão mútua não significa a mesma coisa em toda relação. O significado e a base da submissão mútua entre maridos e esposas, pais e filhos, e senhores e escravos não é a mesma em todo caso.

Por exemplo, Paulo diz que as esposas deveriam obedecer aos seus maridos, pois “o marido é o cabeça da mulher, como também Cristo é o cabeça da igreja” (v. 23). Isso não é verdade com respeito a nenhum outro relacionamento humano - quer entre cristãos, pais e filhos, ou senhores e escravos. Agora, se as esposas deveriam ser submissas aos seus maridos no mesmo sentido que a igreja é submissa a Cristo, não é possível que estejamos simplesmente nos referindo a abrir mão dos próprios direitos ou a uma atitude de respeito. A igreja deve prestar obediência absoluta a Cristo tanto em pensamento como em ação; da mesma forma, o significado de submissão no relacionamento matrimonial significa que as esposas devem ser respeitosas em atitude e obedientes em sua ação e comportamento.

A parte do marido no casamento também é definida, não como de obediência, mas amor sacrificial: “Maridos, ame cada um a sua mulher, assim como Cristo amou a igreja e entregou-se por ela” (v. 25). Dizer que “submissão mútua” significa a mesma coisa para todo mundo em todo relacionamento é ignorar todos esses detalhes nesse texto bíblico. Assim, Paulo não está dizendo que as esposas deveriam respeitar, mas não obedecer aos seus maridos, enquanto somente os filhos e os escravos precisavam obedecer. Ele está indicando que as esposas devem obedecer aos seus maridos, os filhos aos seus pais e os escravos aos seus senhores.

Ainda mais embaraçoso é a alegação que “a palavra ‘obedecer’ não aparece na Escritura com respeito às esposas, embora apareça com respeito aos filhos (6:1) e escravos (6:5)”. Primeiro, embora a palavra traduzida como “sujeite-se” (hypotassō) no versículo 22 seja diferente daquela traduzida como “obedeçam” (hypakouō) em 6:1 e 6:5, em si mesma ela carrega o significado de obediência.

Por exemplo, a mesma palavra hypotassō é usada em Lucas 2:51, mas dessa vez a tradução na NVI reflete o significado de obediência: “Então [Jesus] foi com eles para Nazaré, e era-lhes obediente”. Mas hypakouō é usado em Efésios 6:1, onde é dito: “Filhos, obedeçam a seus pais no Senhor, pois isso é justo”. O nosso comentarista ousa insinuar que Jesus se submeteu aos seus pais meramente em sua atitude, mas não fazia o que eles diziam? Se sim, Jesus obedeceu ao mandamento, “honra teu pai e tua mãe”, citado como sendo a base para a obediência dos filhos em Efésios 6:2? Evidentemente, nosso comentarista confundiu sua exegese ao tentar livrar as mulheres de obedecerem aos seus maridos.

Mas essa não é a melhor parte. Lembre-se que ele afirmou: “a palavra ‘obedecer’ não aparece na Escritura com respeito às esposas”. Com isso, podemos assumir que ele quer dizer que hypakouō nunca é usado na Escritura quando se referindo às esposas, mas somente hypotassō. Contudo, hypakouō é usado para descrever Sara na passagem que já analisamos, 1 Pedro 3:5-6: “Pois era assim que também costumavam adornar-se as santas mulheres do passado, que colocavam sua esperança em Deus. Elas se sujeitavam cada uma a seu marido, como Sara, que obedecia [hypakouō] a Abraão e o chamava senhor. Dela vocês serão filhas, se praticarem o bem e não derem lugar ao medo”.

Visto que Sara era a esposa de Abraão, e ela obedecia (hypakouō) seu marido, e as esposas cristãs são instadas a imitá-la, com sua obediência a Abraão como o objeto específico de imitação, segue-se necessariamente que hypakouō deve ser igualmente aplicado a todas as esposas cristãs. Sempre que hypakouō ou hypotassō é usado, a Bíblia está dizendo que as esposas devem se sujeitar, serem respeitosas e obedecer aos seus maridos - nada menos.

Se as esposas protestam que isso é muito difícil de ser feito, que elas lembrem que o dever do marido é muito mais desafiador: “Maridos, ame cada um a sua mulher, assim como Cristo amou a igreja e entregou-se por ela” (Efésios 5:25). O mandamento não é que os maridos mostrem meramente afeição, mas amor às esposas até a morte, e estimá-las mais que a sua própria vida e bem-estar.
Muitas mulheres são difíceis de serem amadas, especialmente as rebeldes. Se Deus não gerar amor divino dentro dos nossos corações, seria de fato humanamente impossível amar como Cristo ama. De qualquer forma, é melhor que o marido e a esposa sigam os preceitos de Deus, visto que talvez seja mais fácil obedecer a um esposo amoroso, e amar uma esposa obediente. Mas mesmo então, cada um é responsável diante de Deus, a despeito do que o outro faça, como afirmado pelo apóstolo Pedro (1 Pedro 3:1-7). Um esposo que não é amoroso não é escusa para a desobediência da esposa.

Dado os argumentos e explicações acima, a tradução estendida de Kenneth Wuest sobre essa passagem está justificada: “As esposas, sujeitem-se com implícita obediência aos seus maridos como ao Senhor, pois um marido é o cabeça da esposa assim como Cristo é o Cabeça da Igreja... como a Igreja se sujeita em obediência a Cristo, dessa maneira também as esposas devem se sujeitar em obediência aos seus maridos em todas as coisas... que tratem continuamente seu marido com consideração e obediência reverente” (Efésios 5:22-33). 6

Apenas para descartar rapidamente uma objeção popular, porém errônea, à estrutura de autoridade bíblica para a família, muitos citam Gálatas 3:28 para argumentar contra toda “desigualdade” ou distinções de gênero: “Não há judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher; pois todos são um em Cristo Jesus”. Visto que em Cristo, “não há... homem nem mulher”, o argumento proposto é que não deveria haver nenhuma distinção de função ou diferença em autoridade dentro do relacionamento matrimonial.

Contudo, se esse é o significado tencionado do versículo, não teria sentido Paulo escrever: “Mulheres, sujeite-se cada uma a seu marido, como ao Senhor”, e “Escravos, obedeçam a seus senhores terrenos com respeito e temor, com sinceridade de coração, como a Cristo” (Efésios 5:22, 6:5). Em adição, se o versículo pode ser aplicado dessa maneira, então pelo mesmo raciocínio, os casamentos homossexuais também são permitidos, visto que o gênero torna-se absolutamente irrelevante no casamento. Mas a Escritura condena severamente o homossexualismo como pecado e a conseqüência de uma mente depravada (Romanos 1:24-28).

Portanto, Gálatas 3:28 não abole todas as distinções de gênero, e certamente não aquelas que a Escritura explicitamente afirma, tais como a estrutura de autoridade da família. Quando lido no contexto, torna-se óbvio que o versículo refere-se à igualdade de todo indivíduo eleito em seu pronto acesso à justificação pela fé: “Todos vocês são filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus, pois os que em Cristo foram
batizados, de Cristo se revestiram. Não há judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher; pois todos são um em Cristo Jesus. E, se vocês são de Cristo, são descendência de Abraão e herdeiros segundo a promessa” (Gálatas 3:26-29).

Toda pessoa, a despeito de raça, gênero e status social, tem igual acesso à salvação em Cristo por meio da fé, embora na realidade somente os eleitos a obterão (Romanos 11:7). O versículo em questão não transmite nenhuma referência à igualdade de gênero ou distinções de papel em qualquer outro ambiente. Contudo, é importante observar que em nenhum lugar a Escritura diz que as mulheres são inerentemente inferiores como seres humanos. De fato, visto que Gênesis 1:27 nos diz que tanto homens como mulheres foram criados à imagem de Deus, eles são inerentemente iguais como seres humanos: “Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou”. Todavia, Deus desejou que as mulheres fossem subordinadas aos seus maridos dentro do relacionamento matrimonial.

Examinamos somente três passagens bíblicas com certo detalhe - Gênesis 3:16, 1 Pedro 3:1-6 e Efésios 5:22-33 - mas há muitas outras que declaram ou implicam a divinamente instituída estrutura de autoridade na família como exposto acima. Após listar várias passagens relevantes sobre o assunto, Elizabeth Handford escreve: “Se você for intelectualmente honesto, terá que admitir que é impossível encontrar uma única abertura, uma única exceção, um ‘se’ ou ‘exceto’. A Escritura diz, sem qualificação, ao leitor de mente aberta, que uma mulher deve obedecer ao seu marido”.7 Uma esposa deve obedecer ao seu marido, Paulo diz, “a fim de que a palavra de Deus não seja difamada” (Tito 2:5); dessa forma, uma esposa desobediente traz vergonha ao reino de Deus.

Para ser uma esposa bíblica, uma mulher reverente e obediente, é necessário ser competente também. Diferente das duas primeiras, essa característica é pelo menos parcialmente uma necessidade funcional dentro do relacionamento matrimonial, e não inteiramente um traço moral, embora parte do que significa, tal como diligência, permaneça uma questão moral. Concordo que uma mulher espiritual e obediente possa ao mesmo tempo não ser muito capaz, mas essa deficiência provará ser um grande obstáculo ao cumprimento do seu papel como uma esposa, que é ser uma auxiliadora para o seu marido.

Provérbios 31:10-31 consiste de um poema, construído acrosticamente usando todas as vinte e duas letras do alfabeto hebraico, no qual o escrito exalta a virtude de uma esposa “plenamente capaz” 8. Aqui está a passagem na íntegra:

Uma esposa exemplar; feliz quem a encontrar! É muito mais valiosa que os rubis. Seu marido tem plena confiança nela e nunca lhe falta coisa alguma. Ela só lhe faz o bem, e nunca o mal, todos os dias da sua vida. Escolhe a lã e o linho e com prazer trabalha com as mãos. Como os navios mercantes, ela traz de longe as suas provisões. Antes de clarear o dia ela se levanta, prepara comida para todos os de casa, e dá tarefas às suas servas. Ela avalia um campo e o compra; com o que ganha planta uma vinha. Entrega-se com vontade ao seu trabalho; seus braços são fortes e vigorosos. Administra bem o seu comércio lucrativo, e a sua lâmpada fica acesa durante a noite. Nas mãos segura o fuso e com os dedos pega a roca. Acolhe os necessitados e estende as mãos aos pobres. Não teme por seus familiares quando chega a neve, pois todos eles vestem agasalhos. Faz cobertas para a sua cama; veste-se de linho fino e de púrpura. Seu marido é respeitado na porta da cidade, onde toma assento entre as autoridades da sua terra. Ela faz vestes de linho e as vende, e fornece cintos aos comerciantes. Reveste-se de força e dignidade; sorri diante do futuro. Fala com sabedoria e ensina com amor. Cuida dos negócios de sua casa e não dá lugar à preguiça. Seus filhos se levantam e a elogiam; seu marido também a elogia, dizendo: “Muitas mulheres são exemplares, mas você a todas supera”. A beleza é enganosa, e a formosura é passageira; mas a mulher que teme o Senhor será elogiada. Que ela receba a recompensa merecida, e as suas obras sejam elogiadas à porta da cidade.

Terei tempo apenas para listar algumas observações elementares     aqui, deixando ao leitor realizar uma leitura e contemplação mais profunda sobre o texto.

A passagem descreve uma mulher que possui grande liberdade em tomar decisões para o seu marido. A partir do conteúdo da passagem, podemos observar que sua “plena confiança” nela não é baseada somente num conhecimento dos seus motivos puros, mas também sobre a certeza com respeito à sua capacidade como uma auxiliadora na família. Ela pode ser uma auxiliadora, mas o texto relaciona uma lista impressionante de qualidades e habilidades que muitos homens não possuem, de forma que um erudito comentando sobre isso diz: “O padrão dessa senhora não deve ser entendido como estando ao alcance de todas, pois pressupõe dons incomuns e recursos materiais”. [9]

Embora concorde parcialmente com a primeira parte da declaração do comentarista, tenho dúvidas com respeito às razões que ele dá para fazer da senhora no texto uma exceção. Certamente, as habilidades atribuídas a ela são incomuns pelos padrões de hoje; é raro elas aparecerem na mesma pessoa. A maioria das mulheres seriam excluídas apenas considerando-se se é encontrada “instrução fiel” (v. 26, NIV)10 em suas línguas. Em outras palavras, parece que o erudito lê demais a passagem com as mulheres de hoje em mente.

Todavia, nenhuma das tarefas descritas é sobre-humana em natureza, e inerentemente impossível para uma mulher realizar - exceto que ela “teme ao SENHOR”, que pode ser um resultado somente da graça e eleição de Deus. Ao invés de dizer que a passagem “pressupõe dons incomuns”, deveríamos admitir que ela pressupõe instrução e treinamento responsável por parte dos pais.

Dito isso, concordo que, na prática, as demandas sobre a esposa podem ser diferentes de acordo com a variação dos “recursos materiais” envolvidos. Nem toda esposa tem a oportunidade e responsabilidade de gerenciar mansões, fazendas, servos e bens imobiliários. Mas o princípio dentro de toda família permanece o mesmo - a esposa deve ser uma auxiliadora capaz para o seu marido, na extensão em que haja bens e tarefas nos quais ela possa ajudá-lo.

Portanto, ao invés do enganoso, “o padrão dessa senhora não deve ser entendido como estando ao alcance de todas”, deveríamos dizer que as habilidades reais dessa senhora não são exigidas em toda família. A declaração do erudito é enganosa, visto que ignora o ponto da passagem - esse é o tipo de esposa que o homem deveria procurar, isto é, alguém que seja competente em ajudar o marido com seus deveres e bens. E uma pessoa deveria provavelmente pensar duas vezes antes de se casar com alguém que ele saiba não ser de muita ajuda para ele.

Novamente, a passagem é direcionada aos homens como direção sobre com que tipo de mulher se casar, de forma a excluir aquelas que não são qualificadas, e não primeiramente para mulheres lerem como algo a aspirar, embora isso possa ser um bom uso do texto também. Até mesmo o escritor admite que tal mulher era rara naquele período: “Mulher virtuosa, quem a achará? O seu valor muito excede o de rubins” (v. 10, RC). Ninguém jamais disse que o tipo de mulher descrito aqui é comum. A declaração acima do comentarista, portanto, perde o ponto da questão, e tenta incluir candidatas cuja intenção da passagem é excluir.
Agora, essa mulher é caracterizada por diligência: “Trabalha com as mãos... antes de clarear o dia ela se levanta... entrega-se com vontade ao seu trabalho... e a sua lâmpada fica acesa durante a noite. Nas mãos segura o fuso e com os dedos pega a roca... Cuida dos negócios de sua casa e não dá lugar à preguiça” (v. 13, 15, 17-19, 27). Mas ela é diligente com respeito a um tipo específico de trabalho; isto é, “cuida dos negócios de sua casa”.

Não é que não existam mulheres diligentes hoje, mas elas estão trabalhando duro somente para alcançar suas ambições pessoais, e não o benefício do seu marido ou família. Visto que ela e seu marido gastam muito tempo promovendo suas respectivas carreiras, ninguém cuida dos negócios da casa. Em contraste, uma mulher de “caráter nobre” é diligente por causa da sua fidelidade e amor ao seu marido e família.

Embora seja uma discussão útil, aqui não é o lugar para expor plenamente a carreira de uma mulher. A ênfase deve ser colocada sobre sua motivação e agenda; isto é, a despeito dela estar buscando uma carreira pessoal, suas prioridades estão estruturadas ao redor do seu marido e família, ou de si mesma? Ao listar um pouco da responsabilidade da mulher nesse respeito, Martha Peace diz à mulher:

Coloque-o  acima  dos  filhos,  seus  pais,  amigos,  emprego, senhoras dos estudos bíblicos, etc... Reorganize desejosa e alegremente sua programação para ele quando necessário... Faça o que puder para fazer parecer que ele é bom e realiza os objetivos. Alguns exemplos são se oferecer a fazer pequenas coisas para ele, organizar seu dia para estar disponível para ajudá-lo  nos  projetos  dele...  Considere  o  trabalho  dele (emprego, objetivos, hobbies, trabalho para o Senhor) como mais importante que o seu... Pense nas formas específicas que você pode ajudá-lo a realizar os objetivos dele. Exemplos são levantar cedo nas manhãs para ajudá-lo ir ao trabalho tendo experimentado um bom café da manhã, tomar cuidado em registrar recados para ele, antecipar qualquer necessidade que ele tenha para alcançar um objetivo específico, e registrar cuidadosamente o dinheiro gasto para preservar o orçamento... Perceba que assim como Deus é glorificado quando o homem o obedece, seu marido é glorificado quando você obedece ao seu marido”. [11]

Peace não assume que a esposa não possui nenhuma carreira, mas diz: “Coloque-o acima do... seu... emprego... Considere o trabalho dele... como mais importante que o seu”. Nesse ponto da nossa discussão, não é necessário determinar a legitimidade de uma mulher ter uma carreira, mas o ponto é se ela está disposta a colocar o trabalho e agenda do marido antes do seu. Qualquer resistência nessa área denuncia um caráter defeituoso da sua parte, e torna-a muito menos eficaz em ser uma auxiliadora para o seu marido.

Continuando com nossa passagem, essa mulher é caracterizada por previsão perspicaz: “Não teme por seus familiares quando chega a neve, pois todos eles vestem agasalhos... Reveste-se de força e dignidade; sorri diante do futuro” (v. 21,25). Ao invés de afligir-se com contingências futuras, ela pode “sorrir diante do futuro”. Mas sua previsão se estende além do lar: “Administra bem o seu comércio lucrativo... Ela avalia um campo e o compra; com o que ganha planta uma vinha” (v. 18,16). Tendo um sentido de negócio decente, ela avalia um campo e então o compra; ela pensa bem. E visto que “seu comércio é lucrativo”, ela é capaz de plantar uma vinha “com o que ganha”. Ela é capaz de trazer rendimentos adicionais para a casa, além daquele que o marido ganha.

Há outra qualidade que é particularmente importante para mim: “Fala com sabedoria e ensina com amor” (v. 26). Isso significa que ela é capaz de ensinar os filhos, e ter conversações frutíferas com seu marido. Keil & Delitzsch observa: “Tal instrução graciosa ela comunica agora a esse membro da sua família e depois àquele outro, pois nada que aconteça em sua casa escapa da sua observação”.12 E Jay Adams escreve: “De fato, ela é bem versada no ensino bíblico e pode falar sabiamente a outros, incluindo seus filhos. Ela não é grosseira, sarcástica, de temperamento curto ou descuidada no falar”. [13]

Diferentes atmosferas dentro das casas, como definidas pelos maridos e circunstâncias, requer que as esposas sejam sábias com respeito a diferentes coisas. Por exemplo, porque meu trabalho na doutrina cristã é também meu maior e único interesse, frequentemente desfruto de diálogos com minha esposa que são altamente teológicos e filosóficos em natureza. As demandas intelectuais dessas conversações, incluindo uma precisão incomum de raciocínio e uso de palavras que passei a esperar também nas conversas diárias, são tais que a maioria das pessoas acharia tais demandas  difíceis,  se  não  irritantemente  intoleráveis.  Que  ela  é  capaz  de repetidamente mostrar-se à altura do desafio me traz tremendo deleite e prazer, e faz dela uma companhia verdadeiramente apropriada.

Uma mulher deveria ter a capacidade e conhecimento intelectual para discutir o trabalho do marido com ele, mesmo que seja apenas num nível elementar. Por exemplo, se o seu marido é um engenheiro, e, todavia, ela nunca foi treinada nessa área, seria útil para a relação deles que ela aprendesse algo sobre o assunto, suficiente para se engajar em conversações significantes com ele com respeito ao seu trabalho.

Sem entrar em quaisquer detalhes, isso se segue do ensino bíblico que a esposa deveria ser a companhia e confidente mais próxima do seu marido, de forma que ele não precisará de nenhum estranho para discutir seus pensamentos e planos mais íntimos. Devido à natureza pactual única do casamento, é anti-bíblico que uma esposa não seja ao mesmo tempo o melhor amigo do seu marido.

Visto que a carreira do marido ocupa muito do seu tempo, a habilidade da esposa para ser uma companhia e auxiliadora para ele será limitada se ele for incapaz de compartilhar seus triunfos e desapontamentos com ela. Eu diria que o reverso também é verdadeiro, que o marido deveria aprender algo com respeito ao trabalho da esposa. Dito isso, todos os cristãos deveriam ser capazes de discutir teologia, se nada mais (Deuteronômio 11:18-21; Josué 1:8; Malaquias 3:16-18).

Não exaurimos o conteúdo dessa passagem, mas terminaremos com sua própria descrição dessa mulher maravilhosa: “A beleza é enganosa, e a formosura é passageira; mas a mulher que teme o Senhor será elogiada” (v. 30). Todas as qualidades positivas listadas com respeito a ela têm como seu fundamento o temor do Senhor. Da mesma forma, as últimas duas características que propus nesse estudo - obediência e competência - dependem totalmente da primeira característica de reverência. Uma mulher irreverente (ou homem, quanto a isso) não é boa para nada. Mas quando as obras de uma mulher fluem de sua atitude adoradora para com Deus, “seu marido tem plena confiança nela e nunca lhe falta coisa alguma. Ela só lhe faz o bem, e nunca o mal, todos os dias da sua vida” (v. 11-12). “A beleza é enganosa, e a
formosura é passageira” - somente a “beleza imperecível demonstrada num espírito dócil e tranqüilo... é de grande valor aos olhos de Deus” (1 Pedro 3:4, NIV).

Há várias coisas que alguém pode observar para descobrir se uma mulher particular possui as qualidades de reverência, obediência e competência. Com respeito à reverência, a pessoa precisa considerar se ela exibe sinais de genuína regeneração e conversão. É importante que ela demonstre uma disposição consistente em alterar seu pensamento e estilo de vida para se conformar melhor ao ensino bíblico. Uma avidez em  estudar  e  obedecer  a  Escritura  deveria  ser  evidente.  Preferencialmente,

oportunidades serão concedidas ao homem para observá-la sob pressões de vários tipos, visto que tais ocasiões frequentemente expõem uma fé falsa ou temporária: “Quanto ao que foi semeado em terreno pedregoso, este é aquele que ouve a palavra e logo a recebe com alegria. Todavia, visto que não tem raiz em si mesmo, permanece pouco tempo. Quando surge alguma tribulação ou perseguição por causa da palavra,
logo a abandona” (Mateus 13:20-21). Lembre-se, no mínimo irredutível, uma mulher deve satisfazer a definição bíblica de um cristão antes de ser considerada uma candidata ao casamento.

Quanto à obediência, será difícil acertar diretamente de início se uma mulher se submeterá ou não ao marido em particular. Contudo, pode-se inferir com certa exatidão observando se ela obedece às autoridades legítimas sob as quais ela vive atualmente. Por exemplo, ela obedece ao governo (Romanos 13:1-5), seus pais (Efésios 6:1-3), pastor (Hebreus 13:17) e patrão (1 Pedro 2:18-19)?14 Qual é a sua atitude geral para com as regras e restrições? Ela tende a seguir instruções verbais com atenção, ou frequentemente se desvia delas? Se parece que ela tem problemas em se submeter à maioria das formas de autoridade, então pode ser difícil também para ela obedecer ao seu marido após o casamento.

Agora, um homem não tem a plena autoridade de um marido sobre a mulher antes do casamento. Contudo, uma vez que é certo que os dois se casarão, uma versão semelhante, porém não plena, da estrutura de autoridade deveria começar a emergir. Esse é o porquê muitas decisões, com respeito à vida após o casamento, devem ser feitas antes do casamento, tais como a localidade da residência. Seria fútil permitir
que a decisão final ficasse com o marido somente após o casamento, visto que ele teria então a autoridade para mudar qualquer decisão feita antes do casamento de qualquer jeito.

Portanto, embora o marido receba autoridade plena somente após o casamento, uma mulher deveria começar a mostrar consideração, se não completa obediência, para com seu noivo mesmo antes do casamento. Isso criará também uma oportunidade para o homem antecipar a atitude da mulher uma vez que tenham se casado. Todavia, antes do casamento, a obediência da mulher é devida primeiramente ao seu pai
(Números 30:3-15).

A competência é provavelmente avaliada mais facilmente, visto que há muitos sinais externos que alguém pode esperar. O homem deveria observar se a mulher tende a ser organizada, limpa, pontual e inteligente. Habilidades sobre-humanas certamente não são esperadas, de forma que o homem não deveria ser excessivamente exigente, mas sim olhar para tendências gerais. É essencial para a mulher ser capaz de
entender e seguir instruções verbais, especialmente da parte de autoridades a quem ela deve obediência atualmente.

Capacidades de comunicação mínimas, suficiente para que ela possa transmitir seus pensamentos de uma maneira coerente, são exigidas. Sem elas, um diálogo significativo com o marido fica difícil, e fornecer instruções necessárias para as crianças pode se tornar impossível. Capacidades básicas na administração do lar, contabilidade, costura e culinária também deveriam estar presentes. Outros itens deveriam ser adicionados à lista à medida que a agenda do marido para a família assim requeira.

Com tais altos padrões, alguém pode estar em desespero se algum dia encontrará uma mulher qualificada. Embora devamos aprender a descrição bíblica de uma esposa cristã, e seja útil listar itens definidos para o leitor considerar, a Escritura também explica que a raridade de tais indivíduos superiores é devido ao efeito do pecado. A única chance da pessoa encontrar uma esposa legítima é entre aquelas que foram verdadeiramente convertidas e transformadas pelo poder do evangelho. Mas com a percepção de que todo cristão, mesmo aqueles cuja profissão de fé é genuína, estão crescendo na santificação, deve-se permitir certas deficiências em seus parceiros
potenciais para o casamento.

Portanto, o exposto acima serve somente para ajudar o leitor a observar tendências gerais numa mulher, e assim inferir a probabilidade de ter um casamento bem sucedido com ela. Em adição, algumas coisas que estejam atualmente ausentes numa pessoa podem ser desenvolvidas após o casamento, de forma que não há nenhuma razão para esperar até achar uma mulher com nenhum defeito, ou se iludir que tal mulher exista. Todavia, nenhuma promessa de desenvolvimento positivo é possível, a menos que a mulher já tenha sido verdadeiramente convertida.

Para abordar uma questão que pode ter chegado à mente do leitor, visto que isso é supostamente um estudo das características de uma esposa bíblica, eu dei pouco lugar à importância do amor romântico e preferências pessoais na relação entre um homem e uma mulher. Não é importante para o homem gostar da mulher para casar-se com ela? Isso é indubitavelmente uma consideração legítima, e o silêncio sobre essa questão no presente estudo não deve ser tomado como uma negação do seu papel. O fato é que nosso propósito simplesmente nos impediu de investigar a fundo esse aspecto da questão. Também, o caso contra o tipo de namoro praticado pela maioria dos indivíduos também foi excluído desse estudo, embora seja um tópico muito crucial também.

A Bíbliz diz que uma boa esposa é difícil de ser encontrada: “Mulher virtuosa, quem a achará? O seu valor muito excede o de rubins” (Provérbios 31:10, RC). Ela é reverente, obediente e competente - ela adora a Deus como o Senhor sobre todos; ela obedece ao seu marido como o cabeça do lar; ela cumpre seu papel como auxiliadora do  seu  marido.  Em  nossos  dias,  a  maioria  das  mulheres  são  irreverentes, desobedientes e incompetentes; se alguém puder encontrar uma esposa que sequer se encaixe remotamente na descrição bíblica, ele saberá que de fato foi favorecido pelo Senhor.

Isso significa que ninguém pode casar com uma mulher, a menos que ela tenha todas as características acima? Não - como mencionado, tecnicamente tudo que ela precisa ser é uma cristã verdadeira para o casamento ser permissível. Mas como o Gato de Cheshire disse para Alice, se tudo o que alguém deseja é chegar a “algum lugar”, então realmente não importa que caminho ele tome. Se não há nenhum fim definido, então um caminho é tão bom quanto qualquer outro.

Contudo, se um homem designa um propósito nobre para o seu casamento, as opções irão consequentemente se reduzir, visto que o meio para esse fim deve também ser igualmente digno. O propósito bíblico para o casamento, entre outras coisas, tem em vista a glória de Deus no presente, bem como o estabelecimento de uma herança piedosa para gerações subseqüentes seguir. Dada essa magnificente agenda, não mais é verdade que qualquer mulher cristã servirá; antes, ela deve ser reverente, obediente e competente.


Notas:

1 Lewis Carroll, Alice's Adventures in Wonder and Through the Looking-Glass; Vermont: Everyman, 1993 edition; p. 56-57. Nota do tradutor: Utilizei a tradução de Clélia Regina Ramos, disponível na internet.

2 Matthew Poole's Commentary on the Holy Bible, Vol. 1; Hendrickson Publishers, p. 11.

3 Vincent Cheung, Systematic Theology, edição 2001; capítulo 4.

4 C. F. Keil and F. Delitzsch, Commentary on the Old Testament, Vol. 1; Peabody, Massachusetts: Hendrickson Publishers, Inc., 2001; p. 64.

5 The NIV Study Bible,    10th Anniversary Edition; Grand Rapids, Michigan: The Zondervan Corporation, 1995; Notas sobre Efésios 5:22.

6 Kenneth S. Wuest, The New Testament: An Expanded Translation; Grand Rapids, Michigan: William B. Eerdmans Publishing Company, 1961.

7 Elizabeth Rice Handford, Me? Obey Him?; Murfreesboro, Tennessee: Sword of the Lord Publishers, 1994; p. 31.

8 Jay E. Adams, The Christian Counselor's Commentary: Proverbs; Woodruff, South Carolina: Timeless Texts, 1997; p. 228.

9  Derek  Kidner,  Tyndale  Old  Testament  Commentaries:  Proverbs;  Downers  Grove,  Illinois: InterVarsity Press, 1964; p. 184.

10 Nota do tradutor: “Fala com sabedoria e ensina com amor” (NVI). “Fala com sabedoria, e a instrução da bondade está na sua língua” (RA); “Abre a boca com sabedoria, e a lei da beneficência está na sua língua” (RC).

11 Martha Peace, The Excellent Wife: A Biblical Perspective; Bemidji, Minnesota: Focus Publishing Incorporated, 1999; p. 55-56.

12 Keil and Delitzsch, Vol. 6; p. 488.

13 Adams, p. 230.

14 Após o casamento, a mulher não está mais obrigada a obedecer aos seus pais, mas sim ao seu marido. Os pais de ambos não têm nenhuma autoridade sobre a nova família.

Fonte: Monergismo
Autor: Vincent Cheung