Sexo, Namoro e Relacionamentos

Ontem à noite, minha esposa e eu nos sentamos e fizemos uma contagem aproximada do número de casais que conhecemos e passaram pelo namoro e noivado. É um bom número de amigos, familiares e membros da nossa igreja. Então pensamos em quantos deles mantiveram limites físicos saudáveis e que glorificam a Deus e quantos deles confessaram que não o fizeram. De repente, o número estava longe de ser bom. Essa é uma daquelas áreas onde os cristãos contemporâneos frequentemente agem de forma pobre e é exatamente o motivo de estar surgindo muitos livros recentes sobre namoro, corte, pureza e tudo o mais. Os cristãos estão fracassando e buscando desesperadamente um caminho melhor.

Já faz algum tempo que li um livro sobre namoro e relacionamentos, provavelmente por ter sido naquela época que o assunto me pareceu urgente. Mas recentemente um pastor local me falou que ao pastorear jovens adultos em busca de casamento, ele foi ajudado pelo livro Sex, Dating, and Relationships: A Fresh Approach [Sexo, namoro e relacionamentos: uma nova abordagem], de Gerald Hiestand e Jay Thomas. Decidi verificar e alegro-me por isso.

Hiestand e Thomas chamam a sua abordagem sobre relacionamentos de “uma nova abordagem”, e essa é uma forma correta de descrevê-la. Eles não dão adeus ao namoro e não defendem um retorno à corte de anos atrás. Em vez disso, eles encorajam os cristãos a “sair juntos como amigos”. Nessa pequena expressão “sair juntos” é a atividade e “como amigos” é a categoria de relacionamento. Vocês não são namorado e namorada, mas amigos, e vocês passam algum tempo juntos (i.e., passeiam [1]) como amigos com o propósito de ver se há interesse mútuo e compatibilidade. O romance e a atividade sexual podem aguardar; por ora, trata-se simplesmente de “dois amigos saindo para se conhecer com vista para o casamento”.

Pense em sair juntos como amigos como um precursor de uma proposta de casamento sem todas as conotações românticas e sexuais que com muita frequência acompanham um relacionamento de namoro. Um casal sai juntos como amigos, a despeito de sua atração um pelo outro, e não fingem que existe algo mais do que o relacionamento garante. Eles conscientemente se abstêm da atividade sexual e abertamente romântica, e não ficam ingenuamente otimistas sobre o nível de comprometimento de sua amizade. Dessa forma, o objetivo principal de sair juntos como amigos é explorar a viabilidade do casamento enquanto preservando as diretrizes da pureza sexual e romântica requerida pelo relacionamento com o próximo.

Integral para o argumento é um entendimento de como a Bíblia guia e restringe a atividade sexual. Deus nos dá limites sexuais claros para guiar os relacionamentos maritais (sexo é exigido), os relacionamentos com o próximo (sexo é proibido) e os relacionamentos familiares (sexo é proibido). [2] Os autores querem que os casais que saem juntos entendam que até se casarem, o seu relacionamento para com a pessoa que eles estão buscando é um relacionamento com um próximo, no qual qualquer atividade sexual ou mesmo o despertar do desejo sexual é inapropriado. O que está claramente ausente da Bíblia é uma categoria que esteja entre próximo e cônjuge. Todavia, é daqui que emerge grande parte da nossa confusão sobre relacionamentos — uma categoria inventada que é mais do que a primeira, mas menos do que a última, e sem quaisquer diretrizes bíblicas claras.

Ainda mais fundamental, os autores querem que os cristãos entendam que o relacionamento marital, e o sexo dentro do casamento, foram dados por Deus para o propósito específico de servir “como um testemunho vivo da unidade espiritual entre Cristo e a Igreja”. Quando casamos de forma errada, e quando tiramos o sexo e a atividade sexual do casamento, servimos como uma falsa imagem da própria coisa que estamos destinados a representar. “Tendemos a crer que os mandamentos de Deus nos foram dados meramente por nossa causa. Mas isso não é verdade. Como aqueles que foram criados à imagem de Deus, nossa própria natureza como portadores dessa imagem explica as razões por detrás dos mandamentos de Deus. Não somente o sexo é uma imagem divinamente apontada do evangelho, mas o próprio homem é também uma imagem de Deus. Somos ilustrações ambulantes de sermão, se preferir.” Desta forma, a maior força do livro e o seu maior desejo não é evitar doenças sexualmente transmissíveis e gravidez não planejadas, mas preservar a santidade e a pureza dessa poderosa imagem do Evangelho.

Num tempo onde há tanta confusão sobre sexo, namoro e relacionamentos, este livro fornece conselho útil e oportuno. Ele oferece clareza para a natureza dos relacionamentos e encorajamento, mostrando que a pureza não está fora de alcance. O endosso de Kevin DeYoung resume muito bem a minha opinião: “Eis um pequeno livro simples, mas provocativo. Você encontrará muita sabedoria prática, sadia e bíblica que irá explodir várias de nossas suposições culturais sobre namoro. Se você é solteiro ou se importa com alguém que seja, você realmente deve ler este livro. O resultado pode ser meramente uma abordagem sobre namoro mais simples e mais honrosa a Deus do que você já imaginou ser possível”.

Nota:

1 - Em inglês, dating (sair juntos) e date (passeiam) podem significar também, respectivamente,  namoro' e “namorar”. Ou seja, o autor usa as mesmas palavras, mas com sentidos diferentes. [N. do T.]

2 - Veja a explicação sobre as categorias de relacionamento no outro texto do autor: http://goo.gl/jmZWG

Fonte: Monergismo
Autor: Tim Challies