O Beijo de Língua

Martinho Lutero sentiu um gosto amargo na garganta ao seguir para a Dieta de Worms, quando teria de afirmar sua convicção, mesmo sabendo que seria controvertida e que acarretaria em oposição por parte das pessoas que seguiam a tendência do seu tempo. Sinto-me em condição semelhante ao me propor a escrever sobre esse tema que, certamente dividirá as opiniões. Ainda que seja um tema difícil e polêmico, e que soe como um grito no vácuo, sem ouvintes; ainda que seja como nadar contra a maré, convido o leitor a pensar honestamente comigo sobre esse tema.

O beijo de língua, também chamado de “beijo francês” ou “beijo erótico”, é costume tão antigo quanto a intimidade entre casal casado. No entanto, sua prática, como ocorre atualmente é relativamente recente. Sempre que houve uma espécie de código de ética moral popular, este incluía o beijo de língua como restrito ao casal casado. Algumas razões demonstram a propriedade dessa prática.


  1. Namorados não praticavam esse tipo de beijo por ser considerado escandaloso e extremamente provocante.
  2. O costume do beijo de língua no namoro se fortaleceu na cultura ocidental devido ao poder de influência dos filmes de Hollywood.
  3. Casais idosos e experientes confirmam que até meados dos anos de 1960 este costume não era comum mesmo entre casais de namorados incrédulos, e que as moças que beijavam de língua publicamente eram mal faladas.
  4. O beijo erótico é tão provocante e estimulante sexual que é perfeitamente capaz de preparar uma relação sexual por meio da lubrificação natural dos órgãos genitais.
  5. O cultivo do hábito do beijo erótico aumenta vertiginosamente as chances de um casal de namorados partir para o intercurso sexual e se sujeitar a todas as consequências desse ato, inclusive a gravidez indesejada.
  6. Somos seres sexuados, com hormônios que aguçam o desejo sexual. O beijo de língua intensifica a ação hormonal.
  7. O beijo erótico faz parte do processo do intercurso sexual. Portanto, é relação sexual.

Querido leitor, jovens cristãos da atualidade reconhecem que passam por muitas tentações na área sexual, manifestam sempre desejo de vencer as provações nesta área, mas não abrem mão desse contato extremamente íntimo. O beijo erótico jamais satisfaz o desejo de alguém. Ele serve como uma fagulha que incendeia todo o corpo. Primeiro, o beijo erótico com a excitação sexual natural que o acompanha. Depois, a namorada expõe os seios ao contato manual do namorado. Depois, o desejo os leva às carícias íntimas e, por fim ao intercurso sexual. Jamais o ato sexual começa com a penetração. A preparação é necessária. A preparação ou as carícias preliminares fazem parte de todo o processo de relação sexual. É isto que deveria prevalecer na mentalidade dos namorados de hoje.

Conheço a história de um jovem que, por mais interessado que fosse pelas coisas de Deus, todos os domingos confessava seu pecado com a namorada, por causa de carícias sexuais íntimas. Este rapaz compreendeu que seu problema estava na fórmula de namoro adotada, o qual sempre envolvia o beijo erótico como prática habitual. Seu namoro terminou e ele resolveu que, com a próxima namorada, não haveria beijo erótico até o casamento, se chegassem ao compromisso matrimonial. Conheceu uma moça de outra igreja, se interessaram mutuamente e ele propôs um namoro que não envolvesse prática do beijo erótico. Namoraram por dois anos e se casaram, sem beijo erótico. Hoje ele é pastor e, juntamente com sua esposa, trabalham com aconselhamento de jovens e de casais. Eles sempre compartilham que jamais passaram dos limites da intimidade no namoro e sequer foram seriamente tentados a isso.

Se o leitor, no entanto, pensar que estou sendo radical demais no meu comentário, responda sinceramente: você não se sentiria constrangido se seus pais o flagrassem em pleno e caloroso beijo de língua com o(a) namorado(a)? Você daria um beijo erótico e demorado na frente deles propositalmente? Por que será que é constrangedor? Porque envolve intimidade e porque é excitante. No entanto, pegar na mão um do outro não é algo que constrange; porque não envolve um grau elevado de intimidade.

Talvez você se pergunte agora: e a Bíblia com isso? A Bíblia tem uma resposta interessante sobre este assunto. Paulo disse em 1 Tessalonicenses 4.3-7: “Pois esta é a vontade de Deus: a vossa santificação, que vos abstenhais da prostituição (no original, pornéia, “imoralidade”); que cada um de vós saiba possuir o próprio corpo em santificação e honra, não com o desejo de lascívia, como os gentios que não conhecem a Deus; e que, nesta matéria, ninguém ofenda nem defraude a seu irmão; porque o Senhor, contra todas estas coisas, como antes vos avisamos e testificamos claramente, é o vingador, porquanto Deus não nos chamou para a impureza, e sim para a santificação”. Essa declaração repreende a defraudação mútua em matéria de sensualidade. Como seria isso? Quando alguém se aproveita de algo que não é seu de direito, é defraudador. O namorado que se utiliza do corpo da namorada e vice-versa, sendo que eles não tem esse direito, o qual é conferido pelo casamento, estão defraudando um ao outro.

Façam um compromisso com coragem. Sirvam antes a Deus do que ao próprio desejo. Saibam que a pressão do mundo será para o contrário. Muitos dirão que isso é bobagem. Mas pense no quanto uma decisão firme alegrará o Senhor e o livrará da sombra do pecado e da tentação.

Fonte: Blog E a Bíblia com isso?
Autor: Charles Melo