A poligamia é bíblica?

Como muitas pessoas, eu ainda me lembro da mistura de raiva e horror que senti quando, ao segurar as lágrimas, vi a TV noticiar a prisão de uma seita extremista no Texas. Ali garotas eram mantidas essencialmente como escravas, para serem abusadas por pedófilos que se diziam líderes religiosos.

Felizmente, o caso está indo a julgamento, como noticia o Houston Chronicle:

"Com mais de 150 potenciais jurados, incluindo 10 mulheres em vestidos compridos e de tranças, amontoados em uma sala improvisada na segunda-feira, a seleção de júri começou no primeiro julgamento decorrente da invasão ao rancho de uma seita poligâmica no ano passado.

Raymond Jessop, 38, é acusado de abuso sexual de uma criança, fruto de seu suposto casamento com uma menor de idade. A menina, de acordo com documentos apreendidos pelas autoridades da igreja, deu à luz aos 16 anos no Rancho Yearning For Zion (Desejando por Sião) em Eldorado. Se condenado, Jessop enfrenta 20 anos de prisão."
Depois disso, Jessop encarará Jesus Cristo, que afirmou que amarrar uma corda ao pescoço e ser lançado ao mar seria um destino melhor que a eternidade justa e infernal, que aguarda Jessop.

Enquanto oramos por justiça para os maus e conselhos amorosos para as meninas abusadas, o caso trouxe à luz uma questão teológica curiosa: a poligamia é bíblica?

Várias seitas, grupos aberrantes e pervertidos fazem a afirmação de que a Bíblia menciona a poligamia, portanto é biblicamente aceitável. No entanto, eles falham ao reconhecer que a Bíblia fala do pecado humano do começo a fim para mostrar os horrores do pecado. Portanto, só porque algo está na Bíblia não significa que Deus a aprova, como é o caso de estupros, assassinatos e adultérios registrados pela Escritura.

Existem muitas razões bíblicas e práticas para considerarmos a poligamia pecaminosa e maléfica

  1. O primeiro homem a ter mais de uma esposa era o ímpio chamado Lameque (Gênesis 4.19-24)
  2. Alguns patriarcas do Antigo Testamento realmente praticaram a poligamia, e isto nunca honrou a Deus. Por exemplo, Abrão casou-se com Hagar sendo já casado com Sarai. O resultado dessa poligamia são verdadeiramente trágicos, como é o caso de outros exemplos de adultério e poligamia na Escritura. Abrão dormiu com Hagar e ela lhe deu um filho. Deus prometeu que o filho de Hagar seria pai de uma grande nação, pois ele era filho de Abrão, embora não o filho da promessa (que eventualmente seria Isaque). Deus prometeu que Ismael seria como um “jumento selvagem” e seria um guerreiro hostil em relação a seus irmãos que descendiam de Abrão. Ismael nasceu de um pai hebreu e uma mãe egípcia, e tornou-se pai das nações árabes, que até hoje estão em hostilidade contra judeus e cristãos, conforme prometido.
  3. O desastre da poligamia é ilustrado por Lameque, Ada e Zilá, em Gênesis 4.19-24, por Esaú, Maalate e outras esposas em Gênesis 28.6-9, e por Jacó, Lia e Raquel em Gênesis 29.15-30. Nenhuma dessas situações foi boa ou divina.
  4. A Bíblia repetidamente mostra que a poligamia é moldada pelo favoritismo, lutas, ciúmes e maltrato (por exemplo,  Gênesis 35.22, 38.18-28; 2 Samuel 3.2-5, 13.1-29, 15-18; 1 Reis 11.1-4).
  5. Os presbíteros da igreja do Novo Testamento, que servem como padrão para as famílias cristãs, devem ser homens de uma só mulher, e não poligâmicos (1 Timóteo 3.22,12).
  6. A intenção de Deus é que cada homem teria uma esposa (Gênesis 2.18; Mateus 19.4-6).
  7. Casamento é, em última análise, uma figura do relacionamento de amor de Jesus com a igreja (Efésios 5.22-33; Apocalipses 19.6-9). Jesus é fiel a uma noiva, a igreja, como o padrão para todos os casamentos.

Fonte: iPródigo
Autor: Mark Driscoll