Sexo entre Casados

Vincent, a seguinte pergunta veio de uma moça cristã que é casada com um incrédulo. Já pensei sobre isso ocasionalmente, mas nunca discuti o assunto à luz das Escrituras. O que é considerado perversão sexual no casamento? Uma esposa tem que se submeter aos desejos do seu marido se ela é repulsiva por este tipo de comportamento sexual? Há alguma passagem da Escritura que se aplica ao exposto acima? E à auto-gratificação (masturbação)?
Com respeito a sua pergunta, eu posso dar uma resposta específica somente se você der exemplos específicos. Certamente, o princípio geral é que algo é imoral e proibido se ele violar (1) As declarações morais explícitas da Bíblia, ou (2) Alguma proposição validamente deduzida a partir da Bíblia.

Dito isso, em geral, eu seria a favor de uma posição de quase “tudo vale”, se as atividades sexuais ocorrem dentro do casamento. E nós sabemos que os pecados sexuais podem ser cometidos tanto pela mente como pelo corpo. Portanto, entre outras coisas, esta posição proibiria a pornografia, o swinging, e assim por diante.

Quanto ao que acontece dentro do casamento, não penso que ser “repulsivo” seja suficiente para recusar fazer algo. Depende de sobre o que estamos falamos. A pessoa repulsiva poderia estar em falta. Algumas pessoas são repulsivas (ou se não repulsivas, sentem-se horrorizadas ou culpadas) até mesmo aos atos sexuais mais normais, talvez por causa de algum trauma anterior, falsos ensinamentos, etc. Novamente, depende de sobre o que estamos falando, e a perversão sexual é possível dentro de um casamento. Por exemplo, podemos provavelmente estabelecer um caso contra o sexo anal dentro do casamento – talvez pela razão dele ser não-natural e danoso ao corpo. Mas eu diria que a maioria das inibições sexuais dentro de um casamento é anti-bíblica, e deveria ser confrontada e removida.

Contudo, penso que se alguém é repulsivo a fazer algo, então o casal deveria conversar sobre isso primeiro e resolver o assunto para a satisfação de ambas as partes. Certamente, uma vez que você faz isto, você deixa a porta aberta para a situação nunca ser resolvida devido à teimosia de um dos parceiros. Por exemplo, suponha que haja um ato particular que a esposa não deseja praticar, mas o marido deseja e gostaria de discutir sobre ele. Se a esposa sabe que a política é que eles não devem fazer nada até que haja uma concórdia, então ela ainda poderia recusar concordar não importa o que aconteça – mesmo após seu marido provar para ela, a partir da Escritura, que não há nada de errado com o ato proposto.

Se este é o caso, então a esposa peca contra o seu marido e contra o Senhor, por violar o pacto do casamento. Ao recusar o que não é proibido, ela não se faz mais santa ou moralmente superior, mas toma uma posição má e ímpia. Agora, o marido poderia, por amor e delicadeza, escolher abrir mão dos seus direitos e parar de pressionar o assunto, mas permanece o fato que a esposa está errada. A única forma que a esposa pode evitar pecar sem realizar o ato é gentilmente apelando ao seu marido, ao invés de recusá-lo abertamente, de forma que ele desejosamente retire seu pedido ou proposta. Mas seria pecaminoso para a esposa repetidamente abusar da simpatia do seu marido. Certamente, isto é apenas uma ilustração – o mesmo princípio aplica-se quando o marido é aquele com a inibição anti-bíblica. Se a situação é séria o suficiente, ou se ela ameaça a harmonia e comunicação do casal, então eles deveriam buscar conselho de um pastor que entenda aquele que está com as inibições, mas também seja firme com respeito ao que a
Escritura ensina (1Coríntios 7:3-5).

Quanto a masturbação, ela provavelmente seria julgada como imoral, visto que poderia envolver fantasias sexuais sobre pessoas que não são o seu cônjuge. Assim como não é imoral ter relações físicas com o seu cônjuge, não há base bíblica para dizer que é imoral ter fantasias com o seu marido ou esposa. De fato, parece não-natural ser fisicamente atraído pelo cônjuge, mas nunca pensar sobre ele ou ela duma maneira sexual, ou avidamente antecipar ou imaginar um futuro encontro sexual com ele ou ela.

Contudo, por ora, não consigo pensar em nada da Escritura que rejeite a auto-gratificação em si. Há o argumento contra o egoísmo. Mas se isto se aplica, então não devemos nem mesmo comer algo para o nosso próprio prazer, pois seria egoísmo. Então, há o argumento a partir de 1Coríntios 7:4. O versículo diz: “A mulher não tem poder sobre o seu próprio corpo, e sim o marido; e também, semelhantemente, o marido não tem poder sobre o seu próprio corpo, e sim a mulher”. Mas Paulo quer dizer que a pessoa não deve recusar o outro dentro do relacionamento marital – o versículo não estabelece nenhuma proibição sobre o que uma pessoa pode fazer com o cônjuge. O argumento é irrelevante. Assim, além da sua (próxima, mas não necessária) conexão com fantasia sexual pecaminosa, por ora não consigo encontrar qualquer proibição escriturística contra a masturbação considerada em si mesma. Se a Bíblia de fato a proíbe, gostaria de ver alguns argumentos melhores para tal posição. Devemos lembrar que a inibição pessoal e a tradição não equivalem ao mandamento divino.

Fonte: Monergismo
Autor: Vincent Cheung